PRETOS VELHOS

Conheça a Sabedoria Pretos Velhos como Fonte de Orientação, Fé e Esperança 

ME PERGUNTAM SEMPRE: QUEM SÃO OS PRETOS-VELHOS?

Quem são os Pretos-Velhos?

São espíritos dos negros trazidos da África como escravizados, que resistiram aos cativeiros. Os Pretos-Velhos guardam muita maturidade e sabedoria, vindas das mais elevadas esferas de luz.

Eles geralmente se apresentam curvados, com passos lentos e curtos, como pessoas idosas, e às vezes dão um brado, como se estivessem chamando todos os seus que os ajudam nas curas e limpezas em geral. Alguns gostam de cachimbar, pois a fumaça do cachimbo já faz um descarrego na pessoa e no terreiro onde eles se manifestam.

Gostam de orar o Pai Nosso e a Ave-Maria, e se apresentam como bons cristãos.

Dominavam o conhecimento das ervas e das receitas caseiras para a cura das doenças, por isso são muito solicitados para resolver problemas de saúde.

Geralmente recomendam banhos de ervas, defumações e benzimentos para limpeza e purificação, e, em alguns casos, chegam a benzer seus consulentes.

Alguns depoimentos dizem que os Pretos-Velhos são espíritos de alta envergadura espiritual e se apresentam dessa forma para despertar a simplicidade e a humildade nas pessoas.

O Dr. Bezerra de Menezes, famoso médico brasileiro que, após desencarnado, passou a trabalhar nos centros espíritas kardecistas, já revelou em comunicações mediúnicas que também se apresenta como um Preto-Velho em alguns terreiros de Umbanda.

Ele nos revela também a sabedoria da Preta-Velha Vovó Maria Redonda, além do conhecimento de muitos Pretos (as) Velhos (as), como nos ensinamentos sábios de Pai Francisco da Guiné.

Mensagem sobre os assistentes egoístas que vão ao terreiro…

A figura do Preto-Velho é um símbolo magnífico. Representa o espírito de humildade, serenidade e a paciência que devemos manter sempre em mente para que possamos evoluir espiritualmente. São entidades que, muitas vezes, nos surpreendem com tamanha sabedoria e resiliência…

Certa vez, em nosso centro de Umbanda, uma senhora, durante sua consulta com o Pai Francisco da Guiné, comentou que se sentia triste ao perceber que, no terreiro, havia pessoas interessadas apenas em resolver seus problemas materiais. Usavam os trabalhos da Umbanda Sagrada sem sequer pensar no próximo. E, muitas vezes, só retornavam ao terreiro quando outros problemas apareciam…

Pai Francisco da Guiné então deu uma baforada em seu famoso cachimbo, de cabeça para baixo, e disse com tranquilidade:

“Sabe, minha filha… Essas pessoas preocupadas apenas consigo mesmas, sem pensar no outro, são escravas do egoísmo delas, mi zi fia
Esses filhos e filhas só se importam com o próprio umbigo. Nós procuramos ajudá-los sempre. E, muitas vezes, aquelas que podem ser bem aproveitadas, com o tempo, sem perceberem, estarão vestidas de branco, descalças… E já fazendo parte integrante da minha senzala, mi zi fia

Muitas pessoas vêm aqui buscar lã… e saem tosqueadas. Mas acabam me ajudando em meus trabalhos de caridade.”

Nós, os Pretos-Velhos, levamos a força de Deus (Zambi) a todos que querem aprender e encontrar sua própria fé. Sem julgar, sem condenar, sem pesar os pecados dos outros… Mostramos que o amor de Deus, o respeito ao próximo e a si mesmo, o amor-próprio e a força de vontade podem transformar o ciclo da reencarnação. Isso alivia os sofrimentos do karma e eleva o espírito para a luz divina.

A partir disso, essas pessoas começam a compreender e encarar seus problemas de maneira mais consciente, buscando soluções dentro da Lei do Karma — da Causa e Efeito. Aliviamos o fardo espiritual de cada pessoa, permitindo que se fortaleçam.

Se a pessoa se fortalece, cresce, ela consegue carregar com mais leveza o peso dos sofrimentos desta reencarnação. Mas, se ela se entrega ao desespero e à dor, enfraquece… e sucumbe, tombando diante do que carrega na vida terrena.

Cada um pode fazer com que seu sofrimento aumente ou diminua, dependendo de como encara seu próprio destino.

Cada um colherá aquilo que plantou.
Se tu plantaste vento, colherás tempestades.
Mas se tu entenderes que, com luta e sofrimento, pode-se alcançar alegria, verás que é preciso tomar consciência do teu passado, aprender com teus erros, e buscar teu crescimento.
A felicidade no futuro será mais segura.

Não sejais egoísta nunca! Aquilo que te for ensinado, repasse aos outros. E aquilo que recebestes de graça, de graça deverás dar. Porque só o amor, a caridade e a fé podem te conduzir ao teu caminho interior, à luz, e a Deus.

Às vezes, tento entender aqueles que se assentam diante de mim. Eu os ouço com paciência imensa. Confio no que me dizem e procuro compreender esses filhos e filhas que vêm à minha casa clamar por atenção. Enquanto dou as baforadas do meu cachimbo, despejo sobre eles a minha compreensão.

Sei que, muitas vezes, aqueles que se sentam diante de mim chorando, com certeza sairão sorrindo depois de uma boa prosa — entre nós dois, ou com mais gente junto.

Busco sempre compreender as suas fraquezas e desesperos, porque, se vieram até minha Senzala pedir algo — seja lá o que for — é porque nos têm como última esperança

Então, minha filha, eu digo:
Olhe bem em minha corrente agora e perceba algo…
Quase todos que aqui estão, um dia vieram buscar ajuda, um conselho, uma força para seguir. E veja: fui sábio ao dizer à maioria que todas as dúvidas, perguntas não respondidas, incertezas e dificuldades da vida estariam resolvidas no dia em que assumissem sua missão espiritual, escolhida antes mesmo de nascerem.

E assim, transformo pessoas egoístas em pessoas de bem, com amor pelo próximo.

Assim também me despeço de você, mi zi fia, a quem sou muito grato pela observação.
Mas lembre-se: talvez você também, minha filha, devesse estar aqui, trabalhando em meu terreiro, o qual chamo de minha Senzala…

E agora, vejo você sorrindo.
Despeço-me com a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo, Maria e José.
Lhe digo, minha filha:
Me chamo Pai Francisco da Guiné.
Seu escravo e servidor, sempre.


Ilê Axé Luz de Odara
Jacareí/SP e Heliodora/MG
Sacerdote: BabáIfá Toki

Um médium chegou até nossa querida Preta Velha, Vó Maria Redonda, aqui no nosso terreiro, e disse:

— Não virei mais ao terreiro trabalhar!

Vó Maria Redonda, com sua serenidade, perguntou:

— Por que, minha menina?

A médium respondeu prontamente:

— Ah, Vó… Eu vejo uma irmã falando mal dos outros irmãos e irmãs do terreiro… Vejo irmãos que não ajudam nem a varrer o chão. Entre tantas outras coisas erradas que percebo aqui dentro…

Então, Vó Maria Redonda olhou para ela com doçura e disse:

— Tá bom, minha filha… Mas antes de ir, quero que me faça um pequeno favor: pegue um copo cheio d’água e dê três voltas ao redor do nosso terreiro, sem deixar cair uma gota sequer no chão sagrado. Depois disso, você poderá ir embora, se ainda quiser.

A filha pensou: “Muito fácil…”
E deu as três voltas conforme a Preta Velha havia pedido. Ao terminar, disse:

— Pronto!

Vó Maria Redonda, então, perguntou:

— Enquanto você dava as voltas, viu algum irmão ou irmã falando mal de alguém?

— Não — respondeu a médium.

— Viu alguém reclamando de outro?

— Também não…

— Sabe por quê, minha filha? Porque você estava focada apenas no copo, para não derramar a água.
Assim também é a nossa vida: quando o nosso foco está na caridade, na fé e no amor, não sobra tempo para ver os erros dos outros…

Em seguida, Vó Maria Redonda concluiu com palavras que ficaram marcadas na alma daquela filha — e de todos nós:

“QUEM SAI DA UMBANDA POR CAUSA DE PESSOAS, NUNCA ENTROU POR CAUSA DA CARIDADE, QUERIDA ZI FIA MINHA…”

Lembremos sempre: todos nós precisamos compreender a magia dos Pretos Velhos.
Com seus ensinamentos simples e profundos, eles nos mostram o quanto ainda temos a aprender — com a sabedoria e humildade que nos oferecem em cada palavra, em cada gesto.

Que todos os filhos e filhas do Ilê Axé Luz de Odara entendam que, antes de olhar para as atitudes alheias, é preciso refletir sobre a missão que assumimos ao pisar neste chão sagrado.

Que a sabedoria de Vó Maria Redonda nos inspire a buscar nossa melhora interior.
Ah… e só para lembrar:
Essa filha continua firme no nosso terreiro — e se fortalecendo a cada dia com os ensinamentos majestosos dos nossos queridos Pretos Velhos.

Ilê Axé Luz de Odara
Sacerdote: Babá Ifá Toki — 2022

Se queres viver uma vida longa e feliz, ouça e pratique estas orientações. Dessa forma, sua vida será muito melhor…

  1. Ouça, mas não acredite em tudo o que ouve, nem no que acha que vê, especialmente durante momentos espirituais e sociais.

  2. Guarde segredos. Não conte o que ouviu, e muito menos comente sobre esses assuntos com outras pessoas.

  3. Não diga tudo o que pensa, mas diga sempre a verdade, mesmo que ela possa doer a quem ouve.

  4. Seja honesto. Você merece respeito, pois lutou para chegar onde está, e sabe que não foi fácil.

  5. Reconheça seus erros e não tenha medo de dizer “Eu não sei” e “Sinto muito”.

  6. Nunca perca o controle de si mesmo e trate os outros da forma como gostaria de ser tratado.

  7. Ao invés de criticar, elogie quem está ao seu redor. Fale sobre as qualidades da pessoa e deixe-a mais confortável.

  8. Não prive ninguém da esperança. Ela pode ser a única coisa que alguém tenha, mesmo que o que precise seja impossível.

  9. Largue o ódio e os rancores. Isso só te machuca e deixa sua vida triste para sempre.

  10. Aprenda a dizer “não” com cortesia e facilidade. Mesmo que a pessoa não goste, às vezes é o melhor caminho.

  11. Não se esqueça de dizer “por favor” e “obrigado”, sempre que alguém lhe prestar um pequeno ou grande favor.

  12. Olhe as pessoas nos olhos, sem querer transmitir algo diferente pelo olhar.

  13. Viva o momento presente e faça uma coisa de cada vez.

  14. Não deixe as coisas para depois. Faça hoje o que precisar ser feito, não postergue para amanhã.

  15. Faça o que deve ser feito na hora exata em que precisa ser feito, dentro e fora do Terreiro, minha filha (o).

  16. Não tome decisões quando estiver zangado. Pense antes de agir.

  17. Algumas coisas não voltam: a palavra falada, o tempo gasto e as oportunidades que aparecem.

  18. Você merece ser feliz. Portanto, desfrute do belo em cada momento da sua vida, dos amigos e irmãos de fé.

  19. Descubra os prazeres mais simples: ver, ouvir, respirar, tocar, saborear, passear, trabalhar e viver em paz.

  20. Agora que refletiu, tenha a gentileza de dizer: Gratidão! aos conselhos recebidos do Preto Velho Pai Francisco da Guiné.

Ílê Axé Luz de Odara de Jacareí/SP e Heliodora/MG
Sacerdote Babá Ifá Toki

Tão rápido essa vida vai passar… A minha passou num piscar de olhos. Sim, você terá muitas outras, mas tudo o que fizer nesta vida respingará na próxima.

Não brigue com as pessoas, não critique tanto o seu corpo. Seja justo para que Deus te abençoe sempre em sua caminhada terrena. Não deixe de beijar seu amor, pois você não sabe quando será o último beijo de amor nesta existência atual.

Bens e patrimônios devem ser conquistados por cada um. Não se dedique a acumular herança; tudo que vem fácil, é fácil também de perder.

Deixe os cachorros mais por perto, eles são gotas do amor de Deus.

Use os talheres novos, não economize seu perfume preferido; use-o para passear, até mesmo sozinho.

Gaste seu melhor sapato, repita suas melhores roupas, pois quando morrer, nem mesmo a roupa dentro do caixão será escolhida por você.

Se não é errado, por que não ser agora? Escute o coração, ele é a voz de Deus. Por que não dar uma fugida? Por que não rezar agora, ao invés de esperar para rezar só antes de dormir? Não faça rezas ensaiadas, recitadas pela boca; faça orações de amor, converse com Deus, ao invés de apenas repetir palavras.

Não transforme sua relação com Deus em um ritual frio. Por que não ligar agora? Por que não perdoar agora?

Esperamos muito pelo Natal, pela sexta-feira, pelo ano novo, por ter dinheiro, por encontrar o amor, por tudo ser realmente perfeito em nossa vida. O ser humano não consegue atingir essa perfeição porque simplesmente não foi feito para se completar aqui. Aqui é uma oportunidade de aprendizado, apenas uma sala de aula das muitas que ainda devemos passar. Então, aproveite este ensaio de vida eterna e faça cada segundo valer a pena.

O universo te espera, mas o impulso para alcançar as estrelas será feito por aqui, mesmo que você não acredite, meu filho.

Ame mais, perdoe mais, abrace mais, viva mais intensamente. Se não agirmos assim, como nossos entes queridos que já se foram, ficaríamos numa penumbra solitária, esperando nossa hora chegar. Sigamos, então, os exemplos daqueles que nos foram tão caros — nossos pais e avós — que deixaram um legado de vida bem vivida, completando o ciclo da vida em harmonia e paz, e partiram de mãos dadas.

Lá se foram eles, depois de uma missão cumprida com sucesso, depois de cumprirem seu papel de humanos na Terra. Vão de mãos dadas, sem remorso ou dor alguma. Deixaram filhos.

Sim, deixaram. E sabem que não há por que levá-los; os filhos são como pássaros — chega um tempo em que voam sozinhos, para onde quiserem. Os filhos não são dos pais para sempre, pois também estão fazendo história em suas próprias vidas.

E a casa? Não sentirão falta dela? Claro que sentirão. Foram eles que a ergueram, com esforço, trabalho e suor. Sentirão falta daquele canto que durante anos foi deles, onde criaram seus filhos e filhas. Mas sempre souberam que um dia deixariam aquele lugar. Sabiam que o que construíram era para enquanto vivessem, para descansarem lá, e que não poderiam levar nada porque essas coisas são deste mundo.

O sentimento de nunca mais voltar não os perturba. Como poderia, se concluíram com sucesso sua missão nesta Terra? Nasceram, cresceram, reproduziram-se, e já é chegada a hora de largar tudo e voltar para a verdadeira morada, a morada eterna.

E a família, como fica? Ah, esses sim, ficarão tristes com a partida dos velhos.

Uma biblioteca destruída continuará sendo uma biblioteca se os livros estiverem conservados, pois as paredes podem ir embora, mas o conteúdo permanece vivo na vida de quem fica.

Há uma felicidade escondida na hora de retornar para casa, a sensação de que não somos daqui realmente, que somos apenas passageiros no ponto de ônibus, esperando por horas o momento de partir.

E quando sentimos que fizemos tudo e não devemos explicações nem contas, a partida é com muita alegria.

Então, meus filhos e filhas, sempre contribuam para um crescimento espiritual ativo. Se foram chamados para tal função, é porque ainda devem fazer algo, para que nada fique incompleto, e para que suas mãos e o amor pelo próximo estejam sempre em ação em sua vida.

E lá se vão eles, e um dia também iremos nós!

ILÊ AXÉ LUZ DE ODARA
Jacareí – SP e Heliodora – MG
Sacerdote Babá Ifá Toki – 2022

NEGO VELHO CHEGOU TRISTE E CHORANDO…

A situação está complicada por aqui e do outro lado. Muitos desencarnes, sem entendimento e compreensão. Famílias sendo separadas, sem ao menos terem a oportunidade da despedida — tudo acontecendo ao mesmo tempo, sem nos dar um tempo sequer para podermos entender ou ao menos compreender.

Espíritos perdidos, sofrendo, não aceitando suas condições espirituais… Infelizmente, está se perdendo um dos rituais mais importantes:
O RITO FÚNEBRE.
Um ritual de passagem e acolhimento, onde espíritos são direcionados e instruídos a aceitar a separação e seguir rumo a uma nova jornada.

A quantidade de mortes divulgadas não condiz com a realidade. Muitas pessoas estão morrendo sozinhas, em suas casas ou até mesmo nas ruas, sendo esquecidas e enterradas como desconhecidas.

A Espiritualidade está há um tempo avisando para que evoluamos internamente e olhemos para dentro…
Hoje se vai ao Terreiro pedir um amor não correspondido, uma posição no trabalho não merecida, bens materiais… e sempre se esquece de olhar para o mais importante — aquilo que dinheiro nenhum pode comprar, nem bem material algum pode trazer de volta: o que de mais precioso se perde, seu familiar ou um ente querido.

Devemos ter muita paciência e rezar… Tudo, por mais doloroso que seja, é um grandioso aprendizado nesta vida.

O dinheiro não é o mais importante, e sim o que fazemos pelo próximo, por nós e, principalmente, o que carregamos dentro de nós.

 

— Pai Francisco da Guiné

Umbanda também faz medicamentos, xaropes etc.

Menino João do Congo já veio ao mundo na energia do fogo sagrado. Uma fogueira foi o sinal de sua chegada à Terra.

Nasceu na simplicidade de uma senzala e cresceu sadio, por entre montanhas e vales que, às vezes, pareciam falar com ele.

Cresceu um tanto rústico, como a natureza que o cercava, mas alegre e fiel a seus pais, Zacarias e Isabel. No seu coração não havia espaço para pensamentos ruins, muito menos para a maldade de qualquer natureza humana.

João do Congo, como era chamado, era amoroso e fiel; por isso mesmo, tratava a todos com a mesma brandura, sempre querendo o bem, sem olhar a quem.

Às vezes, João do Congo pressentia o quanto muitas pessoas ainda viviam absorvidas por seus egos inflamados, ignorando até mesmo seus semelhantes — até cônjuges que não conseguiam viver em harmonia, causando angústia, sofrimento e até doenças incuráveis.

Isso era muito doloroso para sua alma, ainda tão jovem.

Um dia, caminhando entre as colinas à procura de ervas medicinais e frutos silvestres para presentear seus pais, que comemoravam mais um aniversário de vida conjugal, ele se perdeu no tempo e, quando percebeu, já era noite escura.

Sem conseguir voltar, devido à distância, João do Congo procurou um lugar seguro para dormir, fez uma fogueira e, como era muito íntimo do fogo, dormiu tranquilamente ao seu lado.

Dormiu a noite toda e teve muitos sonhos misteriosos. Num deles, seu espírito se deslocou até sua casa e, em oração fervorosa, rogou a Deus para que seus pais dormissem tranquilos, sem se preocupar ou perceber sua ausência naquela noite.

Quando o dia amanheceu, ao olhar para o local onde havia feito a fogueira, ficou encantado.

Além de um perfume ímpar exalando no ar, das cinzas da pequena fogueira, ainda com brasas vivas, nasceu uma planta rústica, como ele. E ficou ainda mais alegre ao perceber seus pais ao redor, que o procuravam desesperadamente pela região durante a madrugada.

Seu pai Zacarias, ao abraçá-lo e olhando para a planta enigmática — um cipó trepadeira — disse:
“Olha, Isabel, olha aí, João do Congo. Veja bem o que nosso Pai Criador lhe presenteou como sinal de sua fidelidade.”

Do pequeno e frágil ramo, muitas flores em cachos amarelos e alaranjados começavam a nascer à beira daquela estrada, enfeitando todos os barrancos.

E foi daí que originou a planta cipó trepadeira que passou a se chamar: A FLOR DE SÃO JOÃO.

Por isso, muitos viajantes, ao ver sua presença florindo nos barrancos das estradas, logo dizem:
“João do Congo com certeza há de passar por aqui!”

E como esta planta, que somente nos meses de junho e julho aparece florindo nas beiras das estradas, pode ser colhida e transformada em xarope para tosse, que não falha em curar quem precisa…

Uma salva para Pai João do Congo!